Abril Azul: a importância da conscientização e do diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição neurológica que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Apesar de os sinais aparecerem nos primeiros anos de vida, o diagnóstico ainda ocorre tardiamente na maioria dos casos, o que preocupa especialistas, já que a intervenção precoce é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e adaptativo da criança.

De acordo com o médico pediatra Antonio Carlos Turner, diretor técnico da rede de clínicas Total Kids, o TEA pode ser identificado desde os primeiros meses, mas muitas famílias e profissionais só percebem os sinais após os 4 anos de idade.

“O cérebro infantil tem uma plasticidade incrível nos primeiros anos, o que significa que intervenções precoces – como terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicomotricidade – podem trazer ganhos significativos. Quanto antes começarmos, maiores as chances de a criança desenvolver habilidades essenciais para sua autonomia e qualidade de vida”, explica o médico.

Sinais de alerta para o TEA

Turner destaca que pais e cuidadores devem ficar atentos a alguns comportamentos que podem indicar o transtorno:
– Dificuldade ou falta de interesse em interações sociais (não responder ao nome, evitar contato visual);
– Atraso ou regressão na fala (crianças que param de falar palavras que já sabiam);
– Comportamentos repetitivos (balançar o corpo, bater as mãos, fixação por objetos);
– Sensibilidade sensorial (aversão a barulhos, texturas ou toques);
– Dificuldade em brincadeiras imaginativas (não imitar gestos ou criar histórias).

“Muitas vezes, os pais notam que algo está diferente, mas esperam que a criança ‘melhore com o tempo’. É essencial buscar avaliação médica o quanto antes, pois o diagnóstico precoce muda completamente o prognóstico”, reforça o pediatra.

Avanços no diagnóstico e tratamento

Nos últimos anos, o número de diagnósticos de TEA aumentou significativamente. Nos Estados Unidos, em 2014, a prevalência era de 1 caso a cada 63 crianças – um crescimento atribuído tanto à maior conscientização quanto à ampliação dos critérios diagnósticos.

Além disso, a inteligência artificial (IA) tem se mostrado promissora na identificação precoce do autismo. Estudos indicam que algoritmos podem analisar ressonâncias magnéticas de bebês e detectar alterações cerebrais associadas ao TEA antes mesmo dos sintomas comportamentais surgirem.

“Ainda não temos marcadores biológicos definitivos, mas a tecnologia está avançando. No futuro, poderemos ter exames que auxiliem no diagnóstico antes dos 2 anos, permitindo intervenções ainda mais precoces”, comenta Turner.

O médico ressalta que o autismo é um espectro, ou seja, cada criança tem características únicas. “Algumas podem ter dificuldades graves de comunicação, enquanto outras apresentam altas habilidades em áreas específicas. O tratamento deve ser individualizado, sempre visando potencializar suas capacidades”, afirma.

Neste Abril Azul, a mensagem é clara: conscientização, diagnóstico precoce e inclusão são pilares para garantir que crianças com TEA tenham oportunidades iguais de desenvolvimento e uma vida plena.
“A sociedade precisa entender que o autismo não é uma doença, mas uma forma diferente de ver o mundo. Com apoio adequado, essas crianças podem alcançar seu máximo potencial”, finaliza Turner.

Dr. Antonio Carlos Turner
– Médico pediatra e diretor da Rede de Clínicas Total Kids
– Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
– CRM 52.46852-4 | RQE 49635