Com aulas em recesso, muita energia e tempo livre, crianças requerem mais atenção quanto à ocorrência de acidentes. Médica da rede Diagnose dá dicas de prevenção e explica quando o atendimento hospitalar é necessário
As férias escolares são um período de alegria e liberdade para as crianças. Mas também exigem atenção redobrada dos pais e responsáveis. Com mais tempo livre e, muitas vezes, em ambientes diferentes do habitual, o risco de acidentes aumenta. Por isso é fundamental que a família esteja preparada para lidar com imprevistos que envolvam pancadas e saber quando procurar ajuda médica, levando a criança ao hospital.
Após uma queda ou algum impacto, decidir quando levar uma criança ao pronto-socorro pode ser desafiador, especialmente em situações de ferimentos, conforme explica a médica Margherita Salles, pediatra e radiologista da rede Diagnose, empresa prestadora de serviços de exames de imagem à rede pública do DF.
“Em primeiro lugar, é crucial observar o estado geral da criança, a gravidade da lesão e os sintomas apresentados, sobretudo no caso de quedas ou outros impactos”, antecipa a Dra. Margherita.
Ela esclarece que, em geral, a ida ao hospital é indicada em alguns casos, como ferimentos profundos ou que sangram intensamente. “Cortes que não param de sangrar após compressão direta por alguns minutos, ou que são muito abertos e podem precisar de pontos”, destaca.
A médica da Diagnose destaca ainda que pancadas na cabeça são outra situação que exige a consulta. “Qualquer impacto significativo na cabeça, mesmo que a criança pareça bem inicialmente, pode ter consequências sérias. Observe sinais como vômitos, sonolência excessiva, confusão mental, convulsões, perda de consciência ou alteração no comportamento”, explica.
Dra. Margherita também chama a atenção sobre as suspeitas de fraturas. “Se a criança apresentar dor intensa, inchaço, deformidade no membro afetado, dificuldade para mover a área ou incapacidade de apoiar o peso, como em caso de lesões nas pernas ou pés, procure assistência médica imediatamente”, alerta. “É fundamental imobilizar o local o mínimo possível antes do transporte”, completa.
A importância dos exames dos imagem
Quando um acidente ocorre e há suspeita de lesões internas, fraturas ou outras condições que não são visíveis a olho nu, os exames de imagem desempenham um papel fundamental no diagnóstico preciso e na orientação do tratamento. Em crianças, a indicação desses exames é feita com cautela, considerando a idade, o tipo de lesão e a necessidade.
Os principais exames de imagem utilizados em pediatria incluem o raio-x, que é o exame mais comum e geralmente o primeiro a ser solicitado em casos de suspeita de fraturas ósseas, luxações, ou para identificar a presença de corpos estranhos metálicos. Também a Tomografia Computadorizada (TC), que oferece imagens mais detalhadas de ossos, órgãos internos, vasos sanguíneos e tecidos moles.
A Ressonância Magnética (RM), por sua vez, produz imagens de alta resolução de tecidos moles, como cérebro, medula espinhal, músculos, ligamentos e cartilagens. “O raio-X é excelente para fraturas, mas para detalhes de tecidos moles ou lesões neurológicas, a ressonância magnética é insubstituível. A tomografia é reservada para casos específicos de trauma grave ou quando a ressonância não é viável, sempre com protocolos pediátricos”, afirma dra. Margherita.
“A decisão de realizar um exame de imagem em crianças deve sempre ser baseada em uma avaliação clínica cuidadosa. Nosso objetivo é obter o máximo de informações diagnósticas com a menor exposição possível, especialmente à radiação”, explica a médica da Diagnose.
Segundo a dra. Margherita, além dos traumas causados por impactos, outros motivos também são relevantes sobre a decisão de buscar atendimento médico para as crianças, como queimaduras graves, ingestão de substâncias tóxicas ou objetos estranhos, dificuldade respiratória, febre alta persistente em bebês, reações alérgicas graves, entre outros. “É sempre melhor pecar pelo excesso de cautela quando se trata da saúde de uma criança. Em caso de dúvida, procure orientação médica ou dirija-se ao pronto-socorro mais próximo”, finaliza.
Medidas de prevenção
A prevenção é a melhor estratégia para garantir a segurança das crianças durante as férias. Pequenas mudanças no ambiente e na rotina podem fazer uma grande diferença na redução do risco de acidentes. Adote as seguintes medidas:
- Supervisão constante: a presença e a atenção de um adulto são indispensáveis. Nunca deixe crianças pequenas sozinhas, especialmente em ambientes com piscinas, lagos, rios ou no mar. Mesmo crianças maiores precisam de supervisão, principalmente em atividades que envolvam riscos.
- Brincadeiras seguras: incentive brincadeiras adequadas para a idade e o local. Verifique se os brinquedos estão em boas condições e se não apresentam peças soltas ou pontiagudas. Em parquinhos, confira se os equipamentos são seguros e se o piso é adequado para amortecer quedas.
- Kit de primeiros socorros: mantenha um kit de primeiros socorros completo e acessível, tanto em casa quanto em viagens. Ele deve conter itens básicos como antisséptico, gaze, esparadrapo, analgésicos e antitérmicos infantis (com orientação médica), pinça, tesoura sem ponta, e curativos.
- Comunicação: converse com as crianças sobre os perigos e as regras de segurança. Explique a importância de não conversar com estranhos e de sempre avisar um adulto sobre qualquer situação de risco ou desconforto.
Primeiros socorros
Saber como agir nos primeiros momentos após um acidente pode ser crucial para minimizar danos e garantir a segurança da criança até a chegada de ajuda profissional, se necessário. É importante manter a calma e seguir algumas orientações básicas:
O que fazer
- Mantenha a calma: sua tranquilidade ajudará a acalmar a criança e a tomar decisões mais assertivas.
- Avalie a situação: verifique a segurança do local antes de se aproximar da criança. Identifique o tipo e a gravidade do ferimento.
Pancadas e contusões
- Aplique compressas frias (gelo envolto em um pano) na área afetada para reduzir o inchaço e a dor. Faça isso por 15 a 20 minutos, várias vezes ao dia.
- Observe a criança atentamente por algumas horas, especialmente se a pancada for na cabeça, para identificar qualquer sinal de alerta.
Suspeitas de fratura
- Não tente realinhar o membro. Imobilize a área afetada o mínimo possível, utilizando talas improvisadas (como revistas ou pedaços de madeira) e ataduras ou panos para fixar.
- Mantenha a criança o mais confortável possível e procure atendimento médico.
Cortes e escoriações
- Lave a ferida com água corrente e sabão neutro por pelo menos 5 minutos para remover sujeiras e reduzir o risco de infecção.
- Controle o sangramento fazendo pressão direta sobre o ferimento com um pano limpo ou gaze estéril. Mantenha a área elevada, se possível.
- Após o sangramento cessar, cubra a ferida com um curativo limpo ou gaze estéril e esparadrapo.
O que não fazer
- Não entrar em pânico: o pânico pode dificultar a tomada de decisões corretas.
- Não mover a criança com suspeita de fratura ou lesão na coluna: a menos que seja absolutamente necessário para remover a criança de um perigo iminente, evite movê-la se houver suspeita de fratura ou lesão na coluna vertebral.
- Não tentar remover objetos enfiados: se um objeto estiver encravado na pele (como um caco de vidro grande), não tente removê-lo. Isso pode causar mais sangramentos ou danos. Imobilize o objeto e procure ajuda médica.
- Não levantar a cabeça em caso de sangramento no nariz: em caso de sangramento nasal, incline a cabeça da criança ligeiramente para a frente e aperte as narinas por cerca de 10 minutos. Inclinar a cabeça para trás pode fazer com que o sangue escorra para a garganta e seja engolido ou inalado.
- Lembre-se de que estas são apenas algumas orientações básicas. Em qualquer situação de acidente mais grave ou em caso de dúvida, a avaliação de um profissional de saúde é indispensável.