Em meio a viradas, expulsões e lances duvidosos, a 27ª rodada foi mais lembrada pelas falhas dos juízes do que pelos gols
A 27ª rodada do Campeonato Brasileiro será lembrada menos pelos resultados e mais pelas controvérsias ao redor dos gramados. Em diversos jogos, decisões — algumas apagadas, outras muito questionadas — tomaram centro de palco, obrigando a CBF a intervir e afastar árbitros de partidas controversas.
No clássico entre São Paulo e Palmeiras, lances cruciais despertaram revolta. O Tricolor reclamou de um pênalti não marcado sobre Tapia, além da não expulsão de Andreas Pereira por falta dura. No lado do Palmeiras, a equipe contesta que Bobadilla deveria ser expulso após uma falta, onde o jogador poderia receber o segundo amarelo, além de uma falta no 2º gol do tricolor e um pênalti não marcado em Gustavo Gómez. A virada do Palmeiras por 3 a 2 foi recebida por protestos do lado são-paulino, que considerou a arbitragem desequilibrada. Após a repercussão, a CBF afastou o árbitro Ramon Abatti Abel e o árbitro de vídeo Ilbert Estevam da Silva, condicionando seu retorno a um período de treinamento e avaliação interna.
Em Bragantino x Grêmio, outro jogo que acendeu debates, um pênalti nos acréscimos favoreceu o time da casa, e os gremistas lamentaram a expulsão precoce de Kannemann, alegando inconsistência nos critérios de aplicação das regras. Esse caso também levou ao afastamento dos árbitros centrais envolvidos.
No Mineirão, Cruzeiro e Sport também protagonizaram partida bem equilibrada, porém, a equipe nordestina também contesta decisões da arbitragem: a marcação de uma falta “inexistente” em um contra-ataque da equipe, e um pênalti não marcado a favor do Leão.
Já o Flamengo, que era líder até a rodada, sofreu duplo revés: perdeu por 1 a 0 para o Bahia em Salvador e ainda viu dois jogadores serem expulsos — primeiro Danilo por pé alto no início do jogo, depois Wallace Yan por acúmulo de amarelos em poucos minutos. Esses episódios chocaram torcedores e imprensa, e reforçaram a sensação de desequilíbrio nas decisões de arbitragem.
A virada épica do Vasco sobre o Vitória, por 4 a 3, foi outro exercício de adrenalina na rodada. A partida teve lances polêmicos, com reclamações em torno de penalidades e expulsões que alteraram o ritmo da disputa.
Neste contexto, a repercussão no dia seguinte ao fim da rodada é essa:
– A torcida do Grêmio protestou na sede da CBF, com faixas esticadas citando “roubo”.
– A equipe gaúcha pedirá a anulação dos cartões (de Kannemann e Marlon) na partida contra o Bragantino.
– O presidente do São Paulo, Júlio Casares, pediu a quebra de sigilo do áudio entre o árbitro do jogo e o árbitro de vídeo, porém, a CBF não o fará, pois entende que, segundo o protocolo da entidade, ela só libera os áudios quando o árbitro vai ao monitor ver o lance após a recomendação do VAR, o que não ocorreu.
– O diretor do Flamengo, José Boto, detonou a arbitragem brasileira em entrevista ao fim do jogo: “deixa suspeitas”.
Com tantas falhas colocadas em xeque, a confiança no sistema de arbitragem espelhado pelo uso do VAR foi duramente testada. A CBF teve que agir rapidamente para conter reclamações e restaurar a credibilidade do campeonato, mas o estrago já se fez. Até fora do Brasil, veículos como o jornal argentino Olé repercutiram os erros como um “escândalo no Brasileirão”.
A 27ª rodada deixa claro que, em fases decisivas, quem comanda o apito pode ter papel tão decisivo quanto quem está dentro de campo.