O Compositor do samba que virou personagem principal da Beija-Flor de Nilópolis. A gigante da Baixada homenageia Laila em enredo emocionante para o Carnaval 2025

Sergio Aguiar se transforma em Laila e arranca arrepios e lagrimas de fãs

A Beija-Flor de Nilópolis, uma das escolas de samba mais tradicionais do Brasil, promete emocionar o público no Carnaval de 2025 com um enredo que une espiritualidade, tradição e arte. No centro dessa história está Sérgio Luiz da Costa Aguiar, um compositor consagrado que se transformou em Laila, o personagem central do desfile.

Sérgio, que já havia se afastado das disputas de samba-enredo, quase não participou da criação do samba para 2025. “Eu tinha parado, sabe? Tenho minha própria escola de samba, a Imperadores Rubro Negros, o que toma muito tempo. Mas, em uma sessão espiritual com o vovô Benedito — o mesmo guia que Laila frequentava —, reencontrei o mestre Rodney. Ele me contou sobre o enredo e disse que era minha obrigação fazer esse samba. Ele sabia do carinho que eu tinha pela Beija-Flor e sugeriu que eu retomasse a parceria com o Samir Trindade, com quem ganhamos o tricampeonato em 2010, 2011 e 2012,” relembra o compositor.

A parceria com Samir Trindade foi retomada com entusiasmo. “Liguei para o Samir falando da possibilidade de nos unirmos novamente, e ele topou na hora. Já no dia da entrega da sinopse, ele me disse que tinha um refrão. Ouvi e me emocionei. Falei: ‘Ganhamos o samba!’ Antes mesmo de terminar de escrever o restante, eu sabia que não estávamos sozinhos,” conta Sérgio.

Transformação em Laila

Enquanto o samba tomava forma, surgiu a ideia de convidar um ator para interpretar Laila no clipe. Após tentativas sem sucesso, os parceiros decidiram que o próprio Sérgio assumiria o papel. “No início, não aceitei, mas depois pensei melhor. Consultei meu pai de santo e resolvi encarar. Quando o sinal foi positivo, mergulhei de cabeça,” revela.

A transformação foi um processo coletivo e cheio de significado. Sérgio utilizou vestimentas e adereços autênticos, emprestados por seu pai de santo, sendo que apenas uma peça pertencia ao próprio Laila. “Nenhuma peça é falsa; todas têm energia e história. Já a maquiagem ficou por conta de Flávia Rob, indicada por Renne Barbosa, da Leme Filmes. Ela fez uma mágica acontecer no meu rosto,” descreve.

Ao se ver como Laila, Sérgio se emocionou. “Foi surreal. Como diz a música do Benito de Paula: ‘Seria muito bom, seria muito legal, se o cantor ou compositor pudesse ser ator…’ Nunca imaginei que seria eu,” confessa.

O Samba de 2025: Uma Carta de Amor ao Mestre

Criar o samba de 2025 foi uma experiência única e profundamente emocional para Sérgio. “Esse samba é uma declaração de amor à Laila, ao Vovô Benedito e a todos que conviveram com ele. É uma homenagem aos ensinamentos, esporros e lições que recebemos. Está sendo histórico, algo que nunca vou esquecer,” afirma.

O refrão, que emocionou Sérgio logo de cara, se tornou o ponto de partida para um samba que ele acredita representar o coração do enredo. “A partir do momento em que ouvi o refrão, eu percebi que iríamos ganhar. Era como se o velho estivesse com a gente,” diz.

Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, conhecido como Laila, morreu de Covid-19 em 2021, aos 78 anos. Sua história e legado são centrais no enredo da Beija-Flor, que aposta em uma narrativa que mistura memória, espiritualidade e emoção.

Sérgio promete levar ao público um desfile inesquecível. Em 2025, a Sapucaí será palco de uma história que vai além da fantasia, onde o compositor desfilará como Laila, celebrando a vida e os ensinamentos de um mestre que deixou sua marca na cultura e na espiritualidade.

Ascom – Anderson Ramos