O ator e Influencer Paulo Guerra relata: “A Inteligência Artificial está deixando o conteúdo bonito, mas o olhar cada vez mais confuso”
A fronteira entre o real e o virtual nunca esteve tão borrada. Nos últimos meses, as redes sociais foram inundadas por produções feitas com Inteligência Artificial — imagens perfeitas, corpos idealizados, cenários que desafiam a lógica e despertam fascínio imediato. Mas, no meio desse deslumbre, surge uma pergunta: até que ponto o público ainda consegue diferenciar o artista da criação artificial?
O ator e humorista Paulo Guerra, 35 anos, conhecido por unir inteligência, ironia e uma sinceridade cortante em seu trabalho, decidiu experimentar o recurso em um ensaio recente. As imagens, criadas com auxílio de IA, geraram impacto imediato: mais curtidas, novos seguidores e um aumento significativo no engajamento.
“Notei que meus números cresceram consideravelmente. Alcancei públicos que antes não me acompanhavam. Foi surpreendente — e confesso, um pouco assustador”, revela o artista. “Tive sorte, mas nem todos conseguem o mesmo resultado. Pra muita gente, esse tipo de comparação pode soar negativa e até minar um trabalho que vinha sendo construído com tempo e autenticidade.”
O ensaio, que mistura realismo e ficção, se tornou ponto de partida para uma reflexão maior: o quanto estamos dispostos a negociar a própria identidade em troca de relevância digital.
“A IA facilita, inspira e provoca. Mas também cria um novo tipo de ansiedade. De repente, o público passa a se encantar por uma versão sua que talvez nem exista. E aí começa a confusão: o artista real vira um filtro do próprio personagem”, comenta Paulo.
Com humor e sagacidade, ele transforma a discussão em um convite para repensar o que realmente conecta o público às redes — a imagem ou a intenção? “A tecnologia é incrível, mas o afeto continua sendo humano. A ironia, o improviso, o erro, o olhar… isso nenhuma máquina vai reproduzir. E é aí que o jogo fica interessante.”
Entre provocações e boas risadas, Paulo Guerra reafirma seu lugar como um artista que pensa além da tendência. Seu novo trabalho não é apenas um ensaio visual: é um experimento sobre percepção, vaidade e verdade em tempos digitais.Assim como Nelson Rodrigues utilizava a crônica para revelar os dramas e contradições da vida carioca, Paulo Guerra se apropria do cotidiano para transformá-lo em humor. Se Nelson enfatizava o exagero e a carga trágica das relações humanas, Paulo segue pelo caminho da ironia e do afeto, mostrando que situações banais — do trânsito à vida em família — podem se tornar material de riso e identificação. Ambos revelam, cada um a seu modo, que a rotina é fonte inesgotável de arte.
Sobre Paulo Guerra
O humorista começou a ganhar visibilidade quando passou a gravar vídeos com Dona Conceição, sua avó — já falecida em 2022. “Minha avó era incrível, topava todas as minhas loucuras com os textos. Foi a partir daí que comecei a aplicar os estudos da faculdade de cinema na produção do meu conteúdo”, relembra.
Criador de personagens que misturam o humor popularesco com a sofisticação narrativa da dramaturgia e do cinema, Paulo desenvolve um trabalho autoral que une riso, afeto e crítica social através de figuras como Cidoca, Neuza e Mariza — mulheres populares que conquistaram milhões nas redes sociais e agora estão prontas para os palcos.
Sua comédia parte do cotidiano e é construída com linguagem refinada: roteiros com timing dramático, composição de cena precisa, direção de arte simbólica e um humor que acolhe e provoca. Com um olhar afetivo sobre as dores e delícias da vida adulta, da maternidade, da solidão e da amizade, Paulo Guerra cria uma comédia que não só faz rir, mas também faz lembrar. Rir com ele é revisitar a própria história.
Nas redes, Paulo já soma mais de dois milhões de seguidores — número que só cresce. No perfil @euoguerra, presente em todas as plataformas, o público encontra conteúdo leve, divertido e que transborda uma mineiridade única, cheia de afeto, humor e identidade.