Crianças e o tempo de tela: saiba como os pequenos podem navegar no mundo digital com limites saudáveis

Número de horas, supervisão do conteúdo consumido, explicação sobre os danos ao desenvolvimento e ofertas de lazer ao ar livre são caminhos para uma convivência harmoniosa entre o mundo digital e o real

Tempo de tela é um tema que faz parte do dia a dia de toda família. As crianças de hoje em dia nasceram em um mundo conectado, por isso fingir que celulares, tablets e videogames não existem é impossível. Tentar ignorar o potencial positivo dessas ferramentas — seja para estudar, aprender um novo idioma ou consumir conteúdo interessante — também seria um erro. Mas é preciso encontrar formas saudáveis de lidar com o universo digital. A chave está em encontrar o equilíbrio para que o uso da tecnologia seja um complemento, e não um substituto, para o desenvolvimento essencial. O médico pediatra Antonio Carlos Turner, diretor técnico da rede de clínicas Total Kids, explica por quê os pequenos devem manter contato com as telas sem exageros.

“As telas impactam o desenvolvimento cerebral e social da criança de forma diferente em cada fase da vida. Por isso, entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) têm recomendações claras em relação a essa questão. Menores de 2 anos não podem ter nenhuma exposição a telas, exceto em situações pontuais como videochamadas com a família. O cérebro nessa fase precisa de interações reais, toque e movimento. Já as crianças de 2 a 5 anos podem ter, no máximo, exposição de uma hora diária, sempre com supervisão de um adulto e com conteúdo de alta qualidade e educativo. As crianças entre 6 e 10 anos não devem ultrapassar duas horas diárias. Os maiores de 11 anos podem ficar, no máximo, três horas diante das telas. Mas estabelecer limites não é apenas sobre o cronômetro. É preciso estar atento sobre o que a criança e o adolescente está consumindo”, diz o especialista.

Mães, pais e responsáveis precisam saber se crianças e adolescentes estão assistindo a vídeos aleatórios ou se estão aprendendo algo, ouvindo música de qualidade, ou fazendo algo interativo e educativo… É importante perceber também se o uso das telas isola os pequenos, afastando-os do convívio em família. O celular não deve roubar o tempo de vínculo com os pais, amigos e interações sociais.

“As telas são ferramentas poderosas que liberam neurotransmissores de prazer, o que pode gerar uma sensação de recompensa instantânea e, em casos extremos, um impacto no cérebro semelhante ao de algumas substâncias viciantes, podendo levar a vícios e abstinência. O sinal de alerta máximo é quando o uso das telas começa a prejudicar o desenvolvimento e a rotina da criança ou adolescente. Fique atento se o seu filho está obcecado pelo aparelho eletrônico e não interage com mais nada, tem o sono prejudicado, principalmente pelo uso antes de dormir, apresenta queda no desempenho escolar e manifesta ansiedade ou depressão”, alerta o diretor técnico da rede de clínicas Total Kids, que tem unidades em Bonsucesso, Olaria, ParkShopping Campo Grande e ParkShopping Jacarepaguá.

Acordo de confiança e o exemplo dos pais

Regras duras, baseadas em brigas ou na punição de “tirar o celular”, raramente duram e podem minar a confiança das crianças. O caminho mais eficiente é o acordo!

“A criança precisa entender o motivo dos limites. Dialogar, explicar as razões de saúde e desenvolvimento por trás das regras, fomenta o senso de responsabilidade e a participação dela no processo.E, por último, mas não menos importante: o limite começa em casa. Não adianta proibir o uso dos filhos se os pais não largam o celular. O adulto deve ser o exemplo, esforçando-se para proporcionar alternativas que substituam os hábitos digitais. Incentivar brincadeiras ao ar livre, o contato com a natureza, e criar momentos de conexão real em família é o caminho. O desenvolvimento saudável floresce fora da tela”, conclui o médico pediatra Antonio Carlos Turner.

Antonio Carlos Turner
Médico pediatra e Coordenador da Rede de Clínicas Totalkids
CRM 52-46851-4
RQE 49635.