O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, concedeu, na última semana, uma entrevista exclusiva ao Portal FALA ARARUAMA e FALA REGIÃO DOS LAGOS. Conduzida pelo jornalista Anderson Ramos, Cabral falou sobre temas diversos, como a ‘despoluição da Baía da Guanabara’, a obra do Maracanã e o trabalho desenvolvido na região dos lagos, em seu governo. Durante a conversa, o ex-político disse estar bem e, inclusive, citou a anulação de sua condenação (a 390 anos de prisão) na ‘Operação Lava Jato’. Mas, dois dias após a entrevista, a mesma voltou a se tornar válida, já que Tribunal Regional Federal da Quarta Região cassou decisão da 13ª Vara Federal de Curitiba sobre o processo.
Muito à vontade, ao falar sobre a acusação de fraude e formação de cartel, relacionadas ao Maracanã, Cabral alegou que a obra no estádio foi um dos maiores desafios de Engenharia. Já que, na ocasião, o IPHAN decidiu que se poderia mexer no Maracanã, mas que as características do arco do estádio, por serem tombadas, deveriam ser mantidas. “Imagina isso. Tínhamos que trabalhar num estádio do século XX (velho), sem tocar na sua estrutura. A FIFA, fez uma série de exigências e nós cumprimos. O Maracanã foi entregue de forma irrepreensível. Tanto que o estádio se tornou referência: passou a ser sede da final da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. E foi muito mais barato do que estádio do Catar e do Japão. Não houve nenhuma deturpação do processo licitatório, nenhum tipo de distorção ou benefício pessoal e eu gostaria que se provasse isso”.
Com relação à Baía da Guanabara, ele disse que não houve erro, que recebeu o projeto de despoluição com atraso e que o governo já não contava mais com o financiamento do Banco Interamericano. Além disso, foi preciso reorganizar as finanças do estado, pagando salários atrasados. O ex-governador afirmou ainda que o Rio de Janeiro estava endividado e, inclusive, figurava entre os devedores do Serasa (há 10 anos). Sérgio Cabral também negou um suposto acordo com o traficante Marcinho VP, que afirmou que ambos haviam combinado que a venda de drogas estaria liberada, mas que os traficantes não fariam uso do fuzil. “Isso é mentira. Até porque, eu não era nem governador, e ele se refere à uma campanha a prefeito do Rio de Janeiro, em 96. Ele está mentindo e eu quero saber qual foi o governo que entrou no Alemão e na Vila Cruzeiro e colocou os traficantes para sair correndo?”, disse.
Sobre à Região dos Lagos, Cabral afirmou que fez muito pelos municípios. “Meu governo despoluiu a Lagoa de Araruama. Nós desbloqueamos o canal do Itajuru (que liga a laguna Araruama ao oceano Atlântico), o que permitiu a despoluição e o reflorescimento do turismo local”, disse ele, que também ressaltou o investimento em outras áreas: “Eu fiz 16 UPA’s 24h da Região dos Lagos, além de hospitais. Em Bacaxá (Saquarema), por exemplo, construímos a maternidade da região. O Hospital Regional de Araruama (Hospital Estadual Roberto Chabo) estava caindo aos pedaços e nós colocamos tomógrafo, ressonância, leitos, centros cirúrgicos. Sem contar nas escolas técnicas que foram construídas para atender à população”.
Quando perguntado sobre projetos futuros, Cabral disse que tem muito a ser feito e afirmou que a Região dos Lagos, está entre suas prioridades. “Por ter uma identidade regional e cultural, a Região dos Lagos já tem uma vantagem gigante. Diferente do sul do estado litoral, por exemplo, que precisou fazer um esforço para construir o conceito de Costa Verde. Além do turismo, outra vocação da Região dos Lagos que deve ser explorada é a de serviços e tecnologias. A qualidade de vida da região dos lagos é boa e pode atrair nômades digitais, se criarem ambientes para eles trabalharam e começar a qualificar mão-de-obra. No momento que a região ganha uma vocação de TI, passa a ter uma identidade e isso se espalha no mundo virtual rapidamente. A partir daí, passamos a ter gente de qualidade indo para lá, formando meninos e meninas da região e investindo nessas novas profissões do futuro”, explicou ele, que disse ter um Projeto pronto para apresentar aos prefeitos, que vai além de marketing, mas aborda gestão e programas de governo.