RECORDAÇÕES DO MEU NORDESTE


Por Luiz Philipe Leite

Hoje, acordei lembrando dos meus panos de chita, da minha Olinda, da praia de Boa Viagem. Desfruto, em pensamento, os aromas, as cores e os sabores do meu Nordeste. Que começa a nordeste do Vale do Mucuri (MG), sobe a Bahia e vai desaguar nas terras potiguares.

Sim, saudades do meu Nordeste. Dos verdes-mares, cantares, dos grandes poetas como Bandeira, da literatura de Melo Neto. Saudade da mesa comprida, da família grande reunida, da terra que é perfeita na simplicidade. Quanto mais sou nordestino, mais sinto orgulho de ser.

Sim, sou nordestino porque antes que eu me formasse no ventre da minha mãe, Deus já me conhecia. Ele me chamou desde o ventre, desde as entranhas da minha mãe fez menção do meu nome. Por isso, cheguei a Brasília em 1962, na carga genética e na alma do meu avô materno, com seus 22 anos de idade.
Vindo do agreste pernambucano (onde a palma e a oração ainda a alguns sustenta), da nossa distante Orobó, foi escolhido pela capital de todos os brasileiros para firmar raízes. E nesta Brasília, que também tem seus contornos de agreste, conheceu minha avó potiguara.
Minha mãe, fruto dessas almas nordestinas, nasceu nas asas rabiscadas pelos pioneiros, nas quais meus avós se constituíram candangos. Do outro lado, também nordestina, mas lá de Minas, vem minha família, embalada pelos sonhos do novo Brasil.
Assim, minha irmã e eu somos nação nordestina, fixada em Brasília, adentrando a terceira geração. Que embora nascidas no Cerrado, jamais deixam de lado a alma forjada no sertão. Que não sobrevive de palma, mas persiste na oração, e vive na benção e na comunhão.

Neste feriado prolongado, esse é o traçado das minhas linhas para expressar o meu sangue do sertão.

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