A efervescência da Bienal do Livro 2025, que acontece até o próximo domingo (22), no Riocentro, é um convite a uma pausa para reviver memórias preciosas, como os contos que nossos avós e pais nos liam, as histórias que nos transportavam para mundos fantásticos antes mesmo de sabermos ler. Lembranças de um tempo em que a imaginação florescia a cada página virada ou a cada palavra contada. Atualmente, no entanto, a melodia das histórias parece competir com o zumbido incessante das telas.
Uma pesquisa recente da HarperCollins UK (Reino Unido) revelou um dado preocupante: apenas 41% das crianças entre 0 e 4 anos têm alguém lendo para elas. Esse número acende um alerta global, pois o prazer de mergulhar em narrativas está perdendo espaço para a obrigação da leitura escolar, tornando-a, por vezes, um fardo ao invés de um deleite.
A pesquisa também apontou que apenas 40% dos pais sentem prazer em ler para seus filhos. Muitos desses pais fazem parte da Geração Z, que cresceu na adolescência imersa na tecnologia, e 34% deles alegam simplesmente não ter tempo para dedicar a esse hábito.
A realidade brasileira também é sombria. A pesquisa Retratos de um Brasil de 2024, feita pelo Instituto Pró-livro, revela que mais da metade da população não leu sequer um livro, nem mesmo parcialmente. Para o médico pediatra Antonio Carlos Turner, diretor técnico da rede de clínicas Total Kids, reverter esse quadro é uma questão urgente.
“É crucial entender que não podemos nos render facilmente às conveniências das telas. Inúmeras pesquisas ao redor do mundo são unânimes em afirmar que a leitura é uma das atividades mais essenciais para o desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes. Seus benefícios são vastos e profundos, como estímulo ao raciocínio e à capacidade de aprender, comportamentos que expandem o universo de palavras e a expressividade, melhorando a clareza e a fluidez para expressar ideias. Tudo isso abre as portas da imaginação e da inovação, ensinando a analisar situações e encontrar soluções. Desenvolvendo empatia, resiliência e compreensão do outro. Portanto, a Bienal do Livro é o momento perfeito para resgatar essa tradição e criar novas memórias afetivas. Pais, mães e responsáveis devem pensar a leitura não como uma tarefa, mas como um abraço em forma de história, um momento de conexão única com seus filhos”, diz o especialista em saúde infantil.
Que tal usar este evento como um ponto de virada? É o que propõe o médico pediatra Antonio Carlos Turner.
“Visitem juntos os estandes, escolham livros que despertem a curiosidade e permitam-se (re)descobrir a alegria de uma boa narrativa. A cada conto lido, a cada personagem descoberto, vocês não estarão apenas transmitindo palavras, mas construindo um legado de imaginação, conhecimento e, acima de tudo, amor. Não deixe que a tela seja a única janela para o mundo de seus filhos. Abra um livro e abra um universo! A memória afetiva da leitura é um presente que dura para sempre”, afirma o diretor técnico da rede de clínicas Total Kids, que tem unidades em Bonsucesso, Olaria, ParkShopping Campo Grande e ParkShopping Jacarepaguá.