Lúcio Flávio, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes
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“É uma ideia que nasceu da tentativa de mitigar os desperdícios de alimentos que aconteciam dentro da Central de Abastecimento”, explica Lidiane Pires, diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Ceasa e coordenadora do Banco de Alimentos. “A Ceasa é um local de comércio atacado com grande rotatividade de alimentos, fazendo com que se tenha grandes desperdícios”, observa.
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Geralmente muito maduros ou levemente danificados, ou seja, por uma questão meramente estética, milhares de verduras, legumes e frutas não são aproveitados comercialmente, mas em perfeitas condições para consumo. Então esses produtos são recolhidos, passam por um processo de triagem, pesagem e são doados às instituições que preparam a própria comida ou distribuem em forma de cesta básica. De janeiro até setembro de 2022, foram aproveitados e doados quase 127 mil kg de alimentos.
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De acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde, um indivíduo adulto, para ser saudável, deve consumir pelo menos 400 gramas de verduras, frutas e legumes todos os dias. A média da população brasileira está em torno de 120 gramas. “Brasileiro come pouco verdura e legume e nós trabalhamos aqui no Banco de Alimentos com uma conta de 200 gramas por pessoa”, revela a nutricionista Lidiane Pires. “É o que a gente tenta arrecadar e distribuir por pessoa por dia”, conta.
As distribuições são feitas todas as semanas, de segunda a quinta-feira. Os beneficiados são crianças, adolescentes e adultos em situação de vulnerabilidade. “Esse programa tem uma conexão muito forte com a sustentabilidade, que é evitar que toneladas de alimentos sejam destinadas para o aterro sanitário, evitando desperdícios e sendo aproveitados para alimentar pessoas”, destaca Lidiane.
“É uma ação que a gente chama de abastecimento social porque o alimento que não serve mais para comercialização, mas ainda tem valor nutricional preservado, serve para alimentar as pessoas em insegurança alimentar”, acrescenta.
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Neduston Rodrigues, 31 anos, trabalha para um desses produtores que doam legumes e verduras para o Banco de Alimentos da Ceasa. Dirige o caminhão com os produtos e ajuda a descarregar as caixas no Bloco 11 do local pelo menos uma vez por semana. Na manhã dessa quinta-feira (3), ele ofertou cerca de 20 caixas de berinjela e abóbora italiana.
“É uma ideia boa, dá um destino justo para alimentos que muitas vezes vão parar nos lixões”, comenta Neduston. “Meu patrão faz questão de ajudar, é nossa contribuição para ajudar o próximo”, completa.
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Uma das entidades que recebem os produtos do Banco de Alimentos da Ceasa e repassa para a população é a Cáritas Paroquial São José, que fica em Santa Maria. Desde a pandemia, de 15 em 15 dias, a diretora da instituição, Marta Helena, reúne os moradores de três setores da cidade para fazer a entrega de 3 kg de verduras, legumes e frutas, mais uma cesta básica, para cada família cadastrada. “É uma ajuda essencial para a comunidade de vulnerabilidade, carente, porque esses alimentos que muitos tiram o sustento deles”, conta.
A Cáritas Paroquial São José atende mais de 200 pessoas cadastradas dos setores 100, 103 e Porto Rico de Santa Maria. Ao todo, 110 pessoas cadastradas da Quadra 100 receberam alimentos verdes e cesta básica na tarde desta sexta-feira (5). Gente como a encarregada de serviços Solange das Chagas, 48 anos. Ela recebe o benefício alimentar há seis meses. “É uma ajuda e tanto. Não pode parar, não”, avalia. “A qualidade dos alimentos é muito boa e a diversidade também”, elogia.
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Para receber os produtos oferecidos pelo Banco de Alimentos da Ceasa, o beneficiado tem que estar cadastrado na instituição e, no dia da doação, estar munido de CPF, cartão do NIS (número de inscrição social) e sacola.
Entre os itens oferecidos nesta sexta estavam jiló, mandioca, abóbora italiana, berinjela, beterraba, repolho, abacate, alface e berinjela. Na cesta básica, arroz, feijão, macarrão, flocos para preparar cuscuz, sal e maionese. A pensionista Edneia Maria do Nascimento, 61 anos, agradece. “É ótimo, ajuda demais a gente, só tenho a agradecer”, se emociona. “Só Deus sabe como é importante esse apoio”, diz.