Caso Marielle: Delegado Maurício Demétrio foi denunciado por expor informações secretas

Rio – Antes de deixarem as investigações da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, as promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile, que integravam a força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), denunciaram o delegado da Polícia Civil, Maurício Demétrio, depois que descobriram que ele recebeu, de uma pessoa ainda não identificada, informações sigilosas do caso Marielle e Anderson.

O delegado foi preso no fim do mês passado, suspeito de comandar um esquema que exigia propina de lojistas, que vendiam roupas falsificadas.

Os dados, que fazem parte do processo, estavam no e-mail de um ex-policial civil que teve o sigilo telemático quebrado durante as investigações. Ele seria ligado à contravenção e também investigado pelas mortes da vereadora e do motorista. Demétrio dizia que esse ex-policial civil era um desafeto dele, que o estaria monitorando, colocando sua vida em risco. Segundo o delegado preso, ele seria vítima de uma suposta organização criminosa.

Mas, de acordo com as promotoras, esta foi uma demonstração de força e poder contra antigos adversários. Com as informações, o delegado protocolou petições no Ministério Público Eleitoral (MPE) e também no Ministério Público Federal (MPF). Informações secretas do caso acabaram expostas, sem autorização judicial e Maurício Demétrio denunciado por crime de violação de sigilo. Demétrio chegou a procurar a DHCapital, onde o caso Marielle é investigado, para formalizar o acesso aos dados sigilosos.

De acordo com a denúncia, o então responsável pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHCapital), delegado Moysés Santana, disse em depoimento ter recebido Demétrio a pedido do secretário de Polícia Civil, Alan Turnowsky, para que o ajudasse no que fosse possível, mas que, em nenhum momento, forneceu qualquer documento de conteúdo sigiloso. Santana entregou a Demétrio um documento confidencial com informações que dão conta de que ele estaria sendo monitorado pelo titular das contas de telemática identificadas. O então titular foi exonerado da DH por Turnowsky.